FIGUEIRA CENTENÁRIA
passo dos negros
pelotas rs brasil
No entrecruzar das ruas lá está a Figueria centenária fazendo a ligação entre os lugares do Passo dos Negros. Não é por acaso que encontramos oferendas aos seus pés, pois esse tipo de árvore entre algumas culturas de matriz africana está ligada à figura do Exu, o guardião das encruzilhadas que tem o poder da comunicação. A Figueira, que ultrapassa séculos, não é uma simples repetição - uma árvore que é de Exu na encruzilhada de Exu - e sim um conhecimento ancestral que apresenta-se através do material e imaterial, que coexistem dentro de uma circularidade atemporal atualizada constantemente. Outra narrativa muito interressante entre a comunidade do Passo dos Negros sobre a Figueira é a imagem de uma noiva que dizem aparecer perto da Figueira durante a madrugada. A associação da árvore com o feminino também está presente na cosmologia afrodiaspórica, ao referenciar a pomba gira da Figueira nesta encruzilhada. Narrativas cruzadas que geram conflitos entre crenças distintas, são neutralizadas pelo respeito ao espaço que a grande árvore centenária impõe. Uma coisa é certa: ao referenciar a Figueira, conseguiremos entrar em contato com a ancestralidade que brota através das raízes negras.
MAPA
VÍDEO
Em uma conversa com Simone Fernandes ainda 2019 surge a frase: onde tem Figueria tem negros. Esta frase expande a narrativa sobre a árvore centenária no Passo dos Negros. A exclamação feita pela antropóloga vem dos ensinamentos de seus ancestrais e somam-se a essa produção de conhecimento que por muitos anos não esteve em livros. A preferência pela oralidade para a transmissão de suas culturas entre as comunidades negras é uma opção que fortalece a partilha das experiências, estreitando a intimidade entre os agentes das comunidades. Aqui nesta contação de história, a Figueira é como um livro das histórias negras que detém as narrativas do Passo dos Negros.
CAMISETAS
A arte para as camisetas inspiradas na Figueira centenária é o ato de (in)corpor(ar) a ancestralidade. É através das palavras soletradas nos pontos cantados nas terreiras que as culturas negras permanecem vivas e em transformação. A energia que brota da Figueira também pode estar em um alimento, como é o caso do nosso quindim pelotense que apresenta na materialidade o doce das nossas histórias, também negras. A ancestralidade que habita em todas as gerações constroem a cosmologia afrodiaspórica, ontem e hoje, para expandir os futuros desejados. É na batida do tambor e no compasso dos nossos corações que poderemos compreender o que não conseguimos explicar em palavras. Só através de nossos corpos podemos sentir a gira que Exu nos convida para dançar e é esta dança que a camiseta vem estamp(ar).
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CARTAZ
O vermelho dos cartazes desta narrativa em expansão no Passo dos Negros, comunica a urgência de olharmos com amor para a história das comunidades negras em Pelotas. Como uma placa que pede atenção, ela é disposta nas ruas como um contra-dispositivo, uma materialização de Exu que profana o que está posto através de um reflexo subversivo às placas de vende-se. A Figueira no cartaz toma forma por meio de palavras que reverenciam a importância da árvore para as comunidades negras e seus povos de terreiros e terreiras. Além de conduzir essa história para sonoridade, este cartaz da Figueira centenária emana a transformação que o entendimento de Exu pode propici(ar) em nossas vidas, para que possamos valoriz(ar) mais o ser do que o ter.
Salve o arquivo do cartaz e compartilhe em suas redes sociais ou por e-mail. Quem sabe mais alguém gostaria de conhecer a Figueira Centenária no Passo dos Negros?!
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POSTAL
Uma imagem não consegue dar conta dos significados contidos na cosmologia existente no espaço da Figueira centenária. São experiências que não podem ser emolduradas. As imagens mudam cotidianamente, os objetos aparecem e desaparecem. Como um banco vermelho que às vezes está lá e outras não está, são índices de uma vida noturna retratada durante o dia. Movimentos julgados pejorativamente pela intolerância religiosa, criando uma imagem do local como perigoso, constatações que provocam distorções e invisibilizam a importância dos rituais de matriz africana na região. Por esse motivo, isto não é apenas um postal, é um recado do guardião das encruzilhadas, pois todos nós temos um Exu. Ao compartilhar este postal com sua rede de relacionamentos, tu estarás vinculado-se à luta por um estado laico que preserva o direito à diversidade religiosa.
Fotografia: Daniela Xu
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FOTOcartoGRAFIAS
Os registros aqui apresentados são momentos que a Figueira centenária nos conduziu para uma nova observação do espaço de Exu. Nem todas as imagens tiveram permissão de Exu para serem colocadas aqui. Pois é preciso o aceite ancestral para entrar nesse espaço e é fundamental nunca esquecer de agradecer pelas vitórias alcançadas, pois Exu estará sempre comunicando-se nas próximas encruzilhadas. Para escutar seus ensinamentos, só depende de nós valorizarmos o que Exu tem para nos cont(ar).